"Camilla acenou com a mão e correu para a porta. Fechou-a estridentemente e suspirou. A noite terminara para si, finalmente. Alheia ao exterior, começou a descer as escadas num passo apressado, quando a fizeram parar novamente.
- O que querias dizer com aquilo? – Perguntaram.
Ele outra vez. Estava a ficar, definitivamente, assustada com as intenções do alemão. Virou-se, com um trejeito sarcástico e sorriu aborrecidamente. O rapaz estava encostado na parede junto à porta, com o cigarro aceso numa das mãos. Com um esgar minucioso encontrou-se rapidamente a desaprová-lo. Ele ignorou.
- Quis dizer aquilo que tu ouviste. – Começou por dizer.
- Não percebo.
Camilla deitou uma mão à testa e bufou. Das duas uma, ou era parvo ou de compreensão lenta. Não arriscaria definir qual deles lhe assentava melhor.
- Que eu não sou magra, atrevida e oferecida. Decididamente, não me enquadro no perfil das one night stand que usualmente recrutas para ti. – Respondeu num tom hostil que ela não reconhecia em si. – Definitivamente, não me presto a esse tipo de situações. E tu não fazes o meu género.
A resposta fora curta e dura; mas sincera. O rapaz olhava-a agora com um misto de confusão e empolgação, como se o que ouvira tivesse suscitado algo inexplicável nele. Ignorando-o, Camilla seguiu caminho arrastando-se dentro do vestido com alguma dificuldade.
- Espera.
O alemão correu para a alcançar, agarrou-a por um braço e puxou-a violentamente, fazendo-a rodopiar de encontro ao seu corpo franzino ainda de menino.
- O que pensas que estás a fazer? – Perguntou de olhos esbugalhados.
Sem perceber o motivo, começou a sentir o estômago revirar nervoso, as pernas a tremelicarem e o peito a inchar de ansiedade. A sensação de desmaio era quase evidente. Ele era arrogante, impertinente e podia ter todos os defeitos do mundo; mas havia algo nele que a fazia desejá-lo em segredo. Arrepiou-se ao sentir a mão dele resvalar pelo seu rosto como se pretendesse decorá-la para mais tarde recordar; mas parte de si permanecia sóbria à sua investida como outrora.
- A tentar provar-te que posso conseguir qualquer coisa."
Ideias, ideias, ideais... A reviravolta que esta história já levou desde 2009. Eu penso que sempre que mexo nela é para melhor.